A praça Trajano Lino Gonçalves guarda diferentes períodos da história de Guarapari. Localizada em uma região de ocupação mais antiga da cidade – “centro histórico”, entre o canal, que serviu de porto da vila de Nossa Senhora da Conceição de Guaraparim, e a Casa da Cultura, sede do Paço da Câmara e Cadeia. Ocupou lugar de importância, durante o período colonial, marcado pela circulação de pessoas e mercadorias, de poder econômico e político.
Já no século XX, a movimentação era decorrente da instalação da empresa MIBRA, em 1940, voltada para a extração de areia monazítica, que eram escoadas dali mesmo, por navio, para o Porto de Vitória. E também por causa da proximidade do cais do porto, local onde se fazia a travessia de balsa para a praia de Muquiçaba, até a inauguração da ponte, na década de 1950.
Por volta das décadas de 1970 à 2000, a então praça Jerônimo Monteiro, era conhecida pela “feirinha hippie”, dedicada à exposição do artesanato local, com destaque para o artesanato de conchas, em vidro e em barro, além de produtos diversos, que gerou trabalho e renda para muitas famílias, com reconhecimento turístico nacional.
Com a transferência da feira de artesanato para uma área anexa ao Radium Hotel, em frente à praia da Areia Preta, a região perdeu o vigor e deixou de ser palco e ponto de partida de eventos locais dos tempos de outrora. Em 2016, a praça foi contemplada com reforma inserida em um projeto náutico de reurbanização da orla do Canal de Guarapari.
A praça leva esse nome em homenagem ao farmacêutico Trajano Lino Gonçalves (1892-1973). Natural de Anchieta, veio ainda jovem para Guarapari e se tornou o primeiro farmacêutico do município. A farmácia, que tem apenas a sua fachada preservada, encontra-se ao final da rua entre a praça e a Casa da Cultura, e funcionou como “pronto-socorro” para os Guaraparienses. Dr. Trajano, como era chamado, também prestou serviços como médico, pois, na época, era permitido ao farmacêutico, ajudando muitas pessoas, diante da escassez de recursos do lugar.
Texto: Thiara Bernardo Dutra - Doutoranda em História / UFES
